segunda-feira, 16 de maio de 2016

Procrastinação - superando a si mesmo


Então estavam lá, lebre e tartaruga prontas para a disputa. Quem não conhece essa história? A lebre, confiante em sua rapidez e agilidade estava certa sobre sua vitória, enquanto a tartaruga seguia serena, devagar e sempre. Assim conta a história que ouvi quando criança em que era ensinado que não é ético cantar vantagem, cantar vitória antes do tempo, que quem se acha muito esperto pode se dar mal. Mas há outros pontos tanto mais interessantes nessa história. Hoje em dia podemos observar muitas “lebres” e esse perfil é até muito cultuado. Estamos em tempos de rapidez, onde estar conectado é essencial. Poder fazer tudo ao mesmo tempo: checar e-mail, ver TV, trabalhar, exercitar a memória, verificar as redes sociais, ligar, comprar, opinar, postar. Lebres! Mas o que se esconde por trás de achar que se pode dar conta de fazer tudo ao mesmo tempo? “Dar conta” significa que se tem um preço a pagar, certo? E nesse caso, paga-se caro no crédito. Já explico. O que fazia a lebre naquela história? Ela estava ali para ganhar uma corrida. E o que acontece? Ela pára para tirar um cochilo! Sim, a lebre procrastinou! Deixou para depois seu objetivo em nome de uma satisfação imediata e teve um prejuízo com isso. Pagou caro por não estar consciente de si, da real importância de estar ali enquanto se exibia para os outros e perdeu o foco e o prêmio. Então temos muitos mais a aprender com essa história além do espírito esportivo e ser ético. Se você, assim como a lebre, se prejudica ao se perder no caminho com distrações, como o sono, a internet, o celular, a fome, o avião que passou, a música que está tocando, enfim, com qualquer outra coisa que parece mais interessante do que o que é necessário fazer, você é um procrastinador! Calma, não se ofenda nem se desespere! Todos nós tendemos a procrastinar. As recompensas imediatas são muito agradáveis e indispensáveis quando se trata das nossas necessidades. Estamos com fome, precisamos comer. Deu vontade de fazer xixi, corre pro banheiro. Então tais necessidades fisiológicas e obter o prazer da satisfação sempre foram prioridades e aprendemos a satisfazê-las. Só que nossa vida foi se tornando mais complexa, nós fomos ficando mais complexos. Se antes bastava sair para caçar quando estava com fome, aprendemos a cultivar e esperar as estações para colher. Depois, aprendemos que devemos trabalhar para receber, um mês depois. Nossa mente se tornou sonhadora, criativa, ávida por ir além. Mas o sofá te convida a sonhar confortavelmente. A rede social te diz que você pode ficar só mais um pouquinho. É o desejo pela satisfação imediata te seduzindo. Aquele mesmo desejo que diz a quem está fazendo dieta ou parando de fumar “só esse bombom, só um cigarro”. Assim como a lebre, não pensar no futuro fez com que ele chegasse à meta atrasado, depois da tartaruga, não nos conectarmos com o objetivo futuro pode fazer com que cheguemos atrasados à ele, muito depois do planejado ou com outras tarefas acumuladas, já que além desse objetivo específico, há várias outras áreas da vida para tocar. Se você está lendo esse texto por identificação com o tema, parabéns! Você já tomou consciência de suas distrações. Se este texto faz parte de uma dessas distrações em que você diz para si mesmo “não estou procrastinando, estou lendo algo útil para mim”, tudo bem, leia o texto até o final, já está acabando, mas só mais este. Depois siga as dicas e se coloque novamente no caminho para a realização dos seus objetivos. Então, comece se perguntando: você está a procrastinar agora, com essa leitura? Consegue se perceber quando está se desviando da sua tarefa, ligando a TV ou olhando as redes sociais enquanto pensa que “merece essa folguinha, só um pouquinho” ? Se percebe isso, ótimo! Você não está mais ao acaso, está tomando consciência de si. Conhece a origem da expressão “A toa”? Quando um navio está à deriva, sem conseguir se mover no mar, ao sabor das marés, ele fica a mercê de qualquer barco que o resgate. Toa é a corda que o liga ao barco de resgate, que por ser o que estava disponível, não se sabe de onde vem nem para onde vai. Então se você não tem forças para se mover para onde quer chegar, qualquer “barco” te leva para qualquer lugar, e você pode chegar a lugar nenhum. Não fique ao léo. Te reoriente, saiba onde você quer chegar! Isso vai te exigir certa energia. Mas que tal dar pequenas recompensas ao seu cérebro destrinchando o seu objetivo? Pensar que precisa perder 12 quilos em um ano, que precisa fazer um trabalho para entregar para o professor daqui há duas semanas, não é muito estimulante. Se estiver pensando nos 12 quilos, quando se pesar na primeira semana e perceber que perdeu apenas 200 gramas será muito decepcionante e desestimulante. Destrinchar o ano em meses, ou semanas e estipular a meta de perder um quilo por mês, ou 250 gramas por semana, fará mais sentido quando você pensar em recusar aquela sobremesa de 400 calorias. Dividir o trabalho em tópicos, depois definir o que precisa fazer para cada tópico, como pesquisar, analisar, escrever te trará a sensação de que não precisará ficar tanto tempo na tarefa e se sentirá recompensado por ter terminado mais uma! E aí, o que acha de começar agora?