Gosto tanto desses dias! Um friozinho aconchegante que torna nossa cama sempre
convidativa. É gostoso ir dormir, e, por que não, também gostoso acordar. Até 5
minutos mais cedo! Isso, mais cedo! Para poder espreguiçar, curtir esse
despertar, como não fazemos no dia-a-dia de horários corridos e relógios
atrasados. Simples prazeres que me fazem tão bem.
Mas o que me desperta (interesse) são os casacos, as
blusas de frio. Porque no outono os dias são assim: frio matutino e noturno
intercalados com o calor da tarde. Ok, não é um calor absurdo, mas fica mais
quente. E as pessoas saem de casa pela manhã para trabalhar, ir à faculdade,
enfim, suas atividades cotidianas e vestem seu confortável agasalho. Com o
passar das horas e a movimentação da terra (ou vice-versa), o dia vai pegando
ritmo, o Sol vai esquentando e o que acontece com a vestimenta de muitas das
pessoas? Nada! Elas não tiram o agasalho mesmo que o calor esteja incomodando.
Por que? Não sei. Cada um tem seu motivo: não sabem onde deixar a blusa, não
incomodou o suficiente, nem perceberam que está quente, deixam pra lá. Sentem-se tão protegidas e aconchegantes
ali que não retiram seus casacos mesmo que já não esteja tão agradável. Não
fazem um movimento para se adaptarem ao momento. São tantas as formas de
fazermos isso na nossa vida. É aquele emprego ruim, mas que dá segurança, a rotina que se instalou na relação e ninguém dá um
passo nem pra melhorar, nem pra cair fora, a saúde que às vezes se esvai na falta de tempo para o exercício físico ou para aquela aula de dança que sempre quis fazer. Medo do novo, medo de arriscar, medo de
“perder a blusa”, de se expor ao outro, à outra situação e perder essa
segurança? Lembro-me de minha mãe comentar que adolescente não sente frio, sai
a noite com roupas curtas e decotadas. Realmente, é característica da
adolescência a coragem, o enfrentamento, o “se jogar”. Com os anos e o
“amadurecimento, vamos nos vestindo cada vez mais, moldando às exigências da
vida e esquecemos que podemos tirar a blusa
de vez em quando e usá-la quando precisarmos novamente, que a
encontraremos ou buscaremos por ela quando necessário, que podemos amarrar na
cintura ou jogá-la sobre os ombros, como nos sentirmos mais confortáveis e de
acordo com o estilo pessoal. Mas às vezes é melhor pagar o preço do que
tirá-la...Cada um sabe o quanto suporta de calor até decidir tirar a blusa, ou não. É uma questão de tempo.